terça-feira, 10 de julho de 2007

verborreia pelo rock!

os rumores da morte do rock foram largamente exagerados.. passe as pomposas citações espontâneas e mal amanhadas, quer-me parecer que o rock está bem vivo afinal.. encontra-se disfarçado sob diferentes e camaleónicas correntes, sinais naturais de evolução e diversificação de horizontes..

chega-me neste momento ao cérebro e entranhas a inteligente fusão dos klaxons, melting pot de soul, dance, psicadelismo avulso, punk e pop, tudo envolto na alma do
rock mais experimental..

e como classificar os interpol e os editors? se os primeiros representam o cruzamento oblíquo entre o pop sombrio dos joy division e um rock pós-rock, pontuado por poesia quase abstracta, já os editors começaram por me soar muito vagamente a uns primal scream a quem se esgotou a droga para se revelarem um projecto, se não original na sonoridade, sólido no caminho escolhido.. em `an end has a start`, é tocante a dor que perpassa todo o álbum, até o mesmo se transformar aos poucos num pedido de redenção e comunhão com aqueles que cá ficaram para lembrar os que partiram..

por falar em primal scream, não esquecer que continuam bem vivos e cada vez mais se borrifando no que se espera deles, ou não fosse `riot city blues` um regresso ao perfeito country rock do midwest, já experimentado em meados dos ´90, ladeado ainda por trips à la grateful dead e the who, quando toda a gente esperava por mais experimentalismo electro-punk-dance..

não ignorar, claro, os meus muito apreciados tool e the mars volta, ambos a tentar expandir a visão limitada do que é o rock progressivo, uns (ainda) com laivos de grind metal, mas a cada álbum mais art-rock metafísico, os outros com quase tudo o que apanham à mão, sobretudo os ritmos latinos que insistem em sobressair do caos típico do punk que os originou..

ou os bloc party, que teimam em não me sair do corpo.. ou ainda os wolfmother, com tiques de led zeppelin mas energia própria.. e os depressivo-radiantes muse, synth alucinado adornado por riffs espaciais.. ou será ao contrário?

no espectro oposto, temos o regresso dos smashing pumpkins, sem que eu perceba muito bem porquê.. ou a inenarrável caricatura de axl rose que por aí se passeia, balofo e desligado de uma realidade que não passe pelos dólares que ainda vão caindo da reencarnação anterior.. mas são a pele que vai caindo para que a vida continue e nada mais..

por cá, temos os cada vez melhores x-wife, projecto híbrido que tão depressa incendeia o palco como a pista de dança.. é pena os ornatos terem sido demasiado bons para a sua própria existência, mas portugal é assim, temos pena..dos pluto espero ainda mais, vamos ver se haverá.. o blues sujo de esgoto e noite e fumo e mulheres e bares manhosos do legendary tiger man também por aqui cabe..

mais tinham aqui lugar mas talvez numa outra verborreia.. a verdade é que começou com os klaxons e acaba com joy division a estimular-me as linhas finais, e o facto é que a prateleira da pop em que os arrumaram sempre lhes deixou o génio e a alma com os pés de fora.. rótulos existem muitos, e eu por aqui usei alguns, mas para toda a música aqui presente, um bastaria: rock´n´roll..

7 comentários:

Pedro, O Moleiro disse...

Pois...
Achei piada, ao texto, mas um pouco de humildade não ia nada mal. Eu se que conheces tudo e mais alguma coisa, hehe...

Acho que o Rock veio morrer a portugal. Lá fora temos pouco rock, por cá temos um lendário homem tigre e os wraygun, que por acaso têm lá um senhor, que eh o mesmo, e temos outros grupos de rock... lá fora... está tudo morto... por cá, vamos morrendo

saenima disse...

pois é ó moleiro, a ideia que fica do texto, penso eu na minha falta de humildade :D, é que o rock não morreu.. por acaso em portugal não anda mal, mas lá fora anda bem melhor.. basta ouvir com atenção os nomes citados e outros ainda que ficaram de fora..

mas anda aqui um gajo a espalhar o evangelho pra nada :S

abraços

Pedro, O Moleiro disse...

Eu sei o que disseste, estava um pouco a discordar contigo...

Eu sei que é abusar um bocado... Hehe... Acho que o rock puro e duro, está um bocado mal lá fora, por cá vamos tendo alguma coisa.

Temos coisas, que nasceram do rock, mas que na minha opinião foram deserdados, ou renegaram os pais, qualquer metáfora do género.

saenima disse...

epá compreendo o teu ponto de vista, mas não tens razão :D o rock puro e duro morreu há 50 anos e não era grande coisa.. o que tivemos entretanto é rock. (ponto final) nas suas mais variadas encarnações..

o rock é atitude e escroto, e como tal, na minha pouco humilde opinião, está bem vivo..

abraço

Pedro, O Moleiro disse...

Lingrinhas...
heheh...

saenima disse...

LOL

já chegámos aos truques baixos?.. :P

Susie disse...

Aqui, tinha que dizer qualquer coisa:
O rock está excelente, há imensa coisa para ouvir. Por cá, nunca se fez nada tão bom, (x-wife kick ass!). E se ainda pensam que antigamente é que era e bla bla bla.....parem! isso é só um pretexto para não se conhecer o que se passa actualmente e não evoluir.

Ok, as bandas de 70-80 eram boas e sim, influenciaram as de agora, mas as de agora foram buscar o que era bom e acrescentaram algo novo. De qualquer dos modos tinham que começar por algum sítio!

Resumindo: ouçam I love you but i've chosen darkness "according to plan".