domingo, 5 de agosto de 2007

diário de um tasko-dependente, 5

preto e branco a cores

...

as cores devaneiam pelo meio do álcool
e não me abandona esta sensação
de entorpecimento permanente
reflexo óbvio do abuso da introspecção
alterada pela substância dionisíaca

as cores viajam pelas nuances
e ensinam-me novas palavras
para as descrever no monólogo

as cores preenchem-me o olhar
fechado sobre si próprio
não sem apelos variados à comunicação
menos monocórdica
e menos suja de discórdia
entre verdades aceites e não aceites

as cores dançam porque é isso que elas sabem fazer
entre o som e o silêncio elas encontram o seu rumo
sem o ter perdido..

as cores conhecem-me bem
longas são as histórias partilhadas
em carnavais e funerais
imaginados ou apenas reais
sempre têm palavras para mim
nem sempre as que procuro
mas sempre as que perdi

as cores vão morrendo na névoa
picam o ponto e dão o seu lugar
aos cinzentos
que também são cores mas menos livres
sindicalizadas sem direito a loucuras

as cores abandonam-me
na altura em que mais necessito
que me abandonem
sem me sussurrarem adeus
mas até já

as cores ficam sempre
mesmo depois de partirem
fazem-me parte delas e nelas já tanto vivi..

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